sábado, 16 de março de 2013

Discursos Pós-modernos



Outrora, já me havia detido, brevemente, sobre uma elementar disposição das características gerais da modernidade e pós-modernidade. Porém, como acho que o leitor não lerá todos meus post's de forma linear cabe-me, novamente, tratar um pouco sobre pós-modernidade. Alguns teóricos já se debruçaram sobre isto, em especial, o sociólogo Zygmunt Bauman. Sua obra deve ser apreciada. Todavia, me furtarei das abordagens técnicas e específicas e abordarei a temática a partir do prisma teológico. Cabe, aqui, uma consideração. Tudo neste blog tem fins teológicos. Não creio que a realidade possa ser dissociada, alijada, de uma visão teológica. Portanto, quando trato de pós-modernidade, o faço, visando uma afirmação universal. Isto, coloca a pós-modernidade sobre o crivo crítico da teologia. Voltemos para o pós-modernismo. Por pós-modernismo, entendo uma postura comportamental diante da realidade. O pós-modernismo é uma negação profunda de que exista uma verdade fundamental. Esta é a conceituação mais concisa de pós-modernismo.  O pós-moderno é aquele que diz não haver referenciais universais para se julgar quaisquer coisas. Portanto, os processos culturais e suas sucessivas mudanças é que delineiam os posicionamentos éticos diante da realidade. Vejamos um exemplo: A Bíblia, vista como Palavra de Deus, nos concede a visão de que o homossexualismo é uma abominação, um pecado. Isto é um referencial teológico e transcendente à cultura. Por outro lado, a visão pós-moderna diz que o homossexualismo é um tabu sócio-cultural que está por ser quebrado, pois, a Palavra de Deus, não passa de palavra de homens que se sujeitavam a uma cultura que oprimia as relações entre o mesmo sexo. Este exemplo deixa claro o quão ardiloso e destruidor é este argumento cultural. Tudo pode ser desconstruído ou reconstruído utilizando o relativismo. Nada é mais referencial. Tudo é cultural, mutável e volátil.  não existe verdade. A verdade é aquela que se constrói a cada dia "com o suor de nosso rosto". Se hoje pedofilia é pecado, amanhã pode não ser. Pois tudo se torna relativo. 
Esta introdução a respeito do pós-modernismo me permite analisar algumas questões. Em um destes dias que se passaram, fui a uma festa onde pude conversar com algumas pessoas distintas. Duas senhoras adoráveis e um jovem bem-sucedido. A conversa com as senhoras perpassou os temas de filhos até chegarmos a religião. Alguns pensamentos tratados devem ser aqui lembrados, pois elas falaram isto com veemência.

Abaixo transcrevo a paráfrase do que foi falado genericamente:

- "Todos os caminhos levam a Deus." "Religião não se discute". "Todos serão salvos". "Não importa a sua religião, importa se fazemos o bem".  

Vejamos que assuntos como Deus e religião são politicamente incorretos. Isto segundo o pós-modernismo é foro íntimo e, por isso, não pode ser julgado. O pós-modernismo concede autoridade a decisão pessoal enquanto ato e não julga esta de cisão. A autoridade está naquilo que você acha melhor para você. Isto me faz lembrar de um homossexual que vi na rua enquanto levava a minha filha, de manhã cedo, para a creche. Visivelmente homossexual ele vestia uma camisa de malha que trazia uma mensagem: " Campanha pela vida (em letras grandes): cada um com a sua (em letras pequenas)." Traduzindo: Ninguém pode falar nada a respeito do que faço, penso ou acho melhor! Isto é a encarnação do egoísmo  Estes casos demonstram o poder do relativismo pós-moderno.

O outro caso, o do jovem bem-sucedido, demonstra quanto nossa juventude está sem referenciais teológicos. Era até um pouco chato estar com ele pois só falava em ser bem sucedido, em comprar, gastar, qualidade de vida, etc. resolvi perguntá-lo o que era isto que ele dizia, indaguei-o sobre definições acerca da felicidade e, adivinhe o que ele disse: felicidade é foro íntimo. cada um é feliz com uma coisa. Duas lições podemos tirar daqui:

1º Ele não sabe o que é felicidade em seu sentido anterior, primevo, elementar, estrutural.
2º Mais uma vez a felicidade é cultural, relativa e de foro íntimo.

Bom, agora acho que já podemos entender melhor o pós-modernismo. Classifico-o assim:

- Negação da verdade verdadeira (conceito de Francis Schaeffer)
- O poder encontra-se não na ética, pois ela não "existe", mas sim naquilo que é "melhor" pra mim.
- Tudo é relativo ou tudo pode ser relativizado. Tudo mesmo!
- Não existe verdade transcendente. Tudo que há é imanente e cultural.
- Somos, simplesmente, organismos que respondem aos estímulos culturais.
- Antropocentrismo agudo. Egocentrismo idolátrico.

Minha oração é que Deus nos livre do discurso pós-moderno, pois, este discurso oferece, muitas vezes, refúgios intelectuais para nossos erros e pecados. Relativizando tudo, podemos nos livrar da culpa pelo erro cometido.  Considero-o uma praga e neste sentido ele deve ser combatido.

Combata-o você também!

SDG

Em Cristo,

Marcos Vital

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