quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Incongruências da Vida



Por incongruência, de maneira genérica, podemos entender "aquilo que não condiz; que não se adapta; incompatível, incoerente; não concordante; inconveniente". Foi exatamente este sentimento inconveniente, da exisência de alguma anormalidade que perpassou o meu coração e entedimento nos últimos meses. Determinado bloqueio se alojou em meu ser de tal modo que enfrentei dificuldades monstruosas em tarefas que, antes, realizava com extrema facilidade. Tempestades todos passam, e muito do que afligiu-me veio do exterior. Todavia, não posso negar que muitos dos meus fantasmas derivam do meu posicionamento no mundo. Em época "pragmatista" 'pensar demais" é um cancêr extremamente agressivo. Posso resumir assim minhas dificuldades: Existem duas forças, dicotômica, dividas em dois pólos antagônicos, que se degladeiam na arena da existência do ser e do pertencimento social. É aquele simples papo que todos devem se interpelar algum dia: "será que é isto mesmo que quero e devo fazer?". O peso da vida, da família, do pertencimento social, do posicionamento social, amiúde nos constrange para longe daquele lugar que gostaríamos de estar. Como lidar com as necessidades prementes da realidade e os mais intrínsecos rabiscos da alma que norteiam à nossa vontade? Neste jogo difícil, passei e sofri. Mas as experiências que acumulei me levam além. Um aprendizado me chama a atenção. Definitivamente, não podemos confiar na vontade como elemento norteador dos nossos passos. Ela não resiste à pressão esmagadora da realidade (a não ser pela fuga da realidade). E neste período de dificuldades e provas, mudei. Não mudei de ser, não mudei de opiniões quanto a verdade, não mudei de time, não mudei... Mudei, sim, quanto ao que achava que gostava de ser naquilo que me compete fazer. Hoje, pós-tempestade entendo que a realidade está fragmentada por conta de algo exterior (os únicos que tem a resposta são os cristãos), e este algo exterior encontra em nós uma pitada de fomentação para continuar a transgredir. Porém, ainda que neste turbilhão de existência eu recaia, há algo que sempre me puxa para cima, e que não é meu. Logo, nos encontramos novamente conosco, mesmo que sutilmente modificados. Não sei se esta experiência é universal. Creio que muitos nem percebem-na. Porém, sei, que todos, passarão por dificuldades tamanhas e que para o bem ou para mal, sairão destas, mudados. Eu mudei para melhor e você? Sentir-se alienado e sem propósito é ruim, todavia, o melhor é perceber que após a alienação sempre há o concreto. Aquilo que nos confere sentido.

Abraços,

Marcos Vital